Falecimentos: Don Murray (94)

O ator Don Murray – o último dos protagonistas que trabalharam com Marilyn Monroe que ainda estava vivo – faleceu nesta sexta-feira, 2 de fevereiro, aos 94 anos.

Murray fez par romântico com Marilyn em Nunca Fui Santa (Bus Stop, 1956), dirigido por Joshua Logan, papel que marcou sua estreia no cinema e lhe valeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e ao BAFTA como Estreante mais promissor no cinema.

Marilyn Monroe e Don Murray em uma foto publicitária de Nunca Fui Santa (Bus Stop, 1956), e em cenas do filme dirigido por Joshua Logan, que marcou a estreia do ator no cinema.

Nascido em 31 de julho de 1929, em Los Angeles, Donald Patrick Murray era o segundo de três filhos de Dennis Aloisius Murray, diretor de dança e gerente de palco da Broadway, e Ethel Murray (nascida Cook), ex-artista de Ziegfeld Follies. Após se formar no ensino médio, quando tinha 19 anos, trabalhou como recepcionista na CBS por US$ 17 por semana e estudou na Academia Americana de Artes Dramáticas. Logo começou a aparecer em episódios de seriados de TV como Studio One (1950), Kraft Television Theatre (1952) e Lux Video Theatre (1952). Murray fez sua estreia na Broadway na peça The Rose Tattoo (1951), como Jack Hunter. Após o serviço militar em que serviu em missões humanitárias na Europa durante a Guerra da Coreia, ele estrelou ao lado de Mary Martin na versão da peça de Thornton Wilder, The Skin of Our Teeth. Ao ver sua atuação na peça, o diretor Joshua Logan decidiu escalá-lo como Bo Decker, o ingênuo caipira de Montana que se apaixona pela cantora Chérie interpretada por Marilyn Monroe em Nunca Fui Santa, adaptação para as telas da peça de 1955 de William Inge, Bus Stop. Na época com 26 anos, Murray foi procurado pelos executivos da Fox para que assinasse um contrato exclusivo de longo prazo antes de receber o papel, mas ele resistiu e fez com que o estúdio concordasse com uma cláusula que lhe dava uma folga se quisesse retornar à Broadway.

Com o sucesso do filme, muitas oportunidades apareceram para o ator e ele logo acabou rescindindo o contrato. Seu filme seguinte foi o drama Despedida de Solteiro (The Bachelor Party, 1957), dirigido por Delbert Mann, adaptação para o cinema de uma produção para a TV escrita por Paddy Chayefsky sobre um jovem pai de família que durante uma festa de despedida com os amigos repensa os rumos que sua vida está tomando, e o drama Cárcere Sem Grades (A Hatful of Rain, 1957), dirigido por Fred Zinnemann, com Eva Marie Saint, onde interpretou um jovem pai de família viciado em morfina, um de seus trabalhos mais elogiados. Em seguida, Murray estrelou três faroestes, Caçada Humana (From Hell to Texas, 1958), dirigido por Henry Hathaway, Fama a Qualquer Preço (These Thousand Hills, 1959), dirigido por Richard Fleischer, e A Senda do Ódio (One Foot in Hell, 1961), com Alan Ladd. Ainda em 1961, buscando um papel mais desafiador, Murray apareceu no drama Almas Redimidas (The Hoodlum Priest, 1961), dirigido por Irving Kershner – que ele mesmo escreveu, produziu e estrelou como um padre jesuíta que dedicou sua vida a ajudar delinquentes em St. Louis.

Don Murray e Eva Marie Saint em uma foto publicitária para Cárcere Sem Grades (A Hatful of Rain, 1957), dirigido por Fred Zinnemann.

Foi uma escolha de Murray evitar o caminho para o estrelato típico da lista A em uma época em que o star system de Hollywood já começava a dar sinais de declínio. “Eu vim para Hollywood e eles disseram que eu precisava estabelecer uma personalidade com a qual o público pudesse se identificar e que fosse algo confiável para eles apoiarem”, disse o ator certa vez: “Eu fiz exatamente o oposto”. A carreira de Don Murray atravessou seis décadas, entre filmes para cinema e televisão, e seriados de TV, como The Outcasts, série de faroeste que ele estrelou como um caçador de recompensas e que foi ao ar entre 1968 e 1969, e durou 26 episódios, além de participações especiais em vários outros seriados, incluindo T.J. Hooker (1986), Murder, She Wrote (1993), Wings (1995) e Twin Peaks (2017). Ele também escreveu e dirigiu o drama policial A Cruz e o Punhal (The Cross and the Switchblade, 1970), sobre a vida real de um ministro cruzado de Nova York (Pat Boone) que também contou com Erik Estrada em sua estreia nas telas.

Outros de seus filmes mais importantes foram o thriller de ação De Mãos Dadas com o Diabo (Shake Hands with the Devil, 1959), com James Cagney, o drama político Tempestade sobre Washington (Advise & Consent, 1962), dirigido por Otto Preminger, com Henry Fonda e Charles Laughton, no qual interpretou um político que está sendo chantageado por um colega senador, o drama O Gênio do Mal (Baby the Rain Must Fall, 1965), com Steve McQueen e Lee Remick, o drama Sweet Love, Bitter (1967), no qual viveu um professor amargurado pela morte da esposa que faz amizade com um músico de jazz viciado em heroína (Dick Gregory), a aventura de ficção científica A Conquista do Planeta dos Macacos (Conquest of the Planet of the Apes, 1972), e o drama Herói ou Assassino (Deadly Hero, 1975). O ator foi visto ainda no drama romântico Amor Sem Fim (Endless Love, 1981), de Franco Zefirelli, e na comédia dramática Peggy Sue – Seu Passado a Espera (Peggy Sue Got Married (1986), de Francis Ford Coppola, com Katleen Turner. Após ficar vinte anos sem aparecer em um longa-metragem, Don Murray fez sua despedida nas telas em Promise, filme de 2021.

Don Murray com a primeira esposa, a atriz Hope Lange, com quem esteve casado de 1956 a 1961.

Em 1956, Don Murray casou-se com Hope Lange, com quem ele havia trabalhado em Nunca Fui Santa e que também fazia sua estreia no cinema. O casal teve dois filhos, Christopher e Patricia, e se divorciou em 1961. Em 1962, o ator se casou com a ex-modelo Elizabeth Johnson e tiveram três filhos, Colleen, Sean e Michael. Don Murray morava em Goleta, na Califórnia, e faleceu nesta sexta-feira, 2 de fevereiro de causas não divulgadas, aos 94 anos.

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