Filmes: Casablanca (1942)

CASABLANCA
Título Original: Casablanca
País: Estados Unidos
Ano: 1942
Duração: 102 min.
Direção: Michael Curtiz
Produção: Hal B. Wallis (Warner)
Roteiro: Julius Epstein, Philip Epstein e Howard Koch
Música: Max Steiner
Direção de Arte: Carl Jules Weyl
Montagem: Owen Marks
Figurinos: Orry-Kelly
Elenco: Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Paul Henreid, Claude Rains, Sydney Greenstreet, Conrad Veidt, Peter Lorre.
Sinopse:
Localizada no norte da África, a cidade de Casablanca abrigava inúmeros refugiados perseguidos pelos nazistas. Dono de um salvo-conduto, o americano Rick dirige um cabaré e reencontra Ilsa, o grande amor de sua vida, agora casada com um líder da resistência francesa. Com dois passaportes roubados e depois de confessarem que ainda se amam, Rick tem a chance de fugir com Ilsa, mas por fim a convence a fugir com o marido e a prosseguir com seus compromissos de guerra, na cena de despedida, no aeroporto, em que o auto-sacrifício de Rick se transformou no momento mais romântico da história do cinema.

Cinema do mais alto nível, com romance, intriga, suspense, uma bela canção (“As Time Goes By”, cantada por Dooley Wilson) e um elenco dos melhores que Hollywood já reuniu em um filme. Por trás disso tudo, a competência de um diretor que sabia como poucos ir de um gênero ao outro sem nunca errar na mão. “Casablanca” é um dos maiores clássicos do cinema e um dos poucos a atingir o status de cult movie absoluto. Vencedor dos Oscar de filme, roteiro adaptado e direção.

O Mais Romântico Final do Cinema

“Nós sempre teremos Paris…”
Humphrey Bogart e Ingrid Bergman

Quando Ilsa pede ao pianista Sam, vivido por Dooley Wilson, para tocar a canção “As Time Goes By”, composta por Herman Hepfeld, esta se transforma na música-símbolo do romantismo cinematográfico de todos os tempos, mas o fascínio que “Casablanca” exerce no público há mais de 60 anos vai mais além do que a sua inesquecível canção: trata-se de um cult movie, na melhor tradução do termo.

“Um Beijo é só um Beijo…”

É um filme cultuado por todos aqueles que admiram a sétima arte. O diretor Woody Allen repetiu a cena da despedida no aeroporto em uma de suas homenagens ao cinema em “Sonhos de um Sedutor”, baseado em peça teatral de sua autoria, onde Humphrey Bogart, transformado em ícone do herói romântico graças à sua atuação como Rick, dava conselhos ao tímido personagem de Woody Allen. Mas há outros detalhes importantes que ajudaram a construir a aura de fascínio que permeia todo o filme. A época de seu lançamento, em 1942 – no auge da Segunda Guerra Mundial – e o clima de tensão constante sobre os rumos do conflito encontrou refúgio neste drama escapista que possui aquele que é considerado o melhor roteiro já escrito.

Segundo Danny Peary, crítico e autor de diversos livros sobre cinema, “talvez seja o único filme que preencha os requisitos dos chefões dos grandes estúdios para o que deva ser um filme de divertimento”. De fato, “Casablanca” tem ação, aventura, coragem, perigo, espionagem, um cenário exótico, amizade, humor, intriga, um triângulo amoroso bem definido, patriotismo, política, romance, sacrifício, sentimentalismo, uma canção-tema, suspense, um vilão terrível, guerra e o mais romântico final.

Dizem que o diretor Michael Curtiz conseguiu parte do clima de tensão e mistério do filme fazendo com que os próprios atores ignorassem o final, até o momento de rodar a última cena, Mas para o grande sucesso do filme, também há que destacar as atuações memoráveis de Bogart e Ingrid (que nunca mais trabalharam juntos) e a colaboração de um punhado de coadjuvantes do primeiro time de Hollywood. Por trás das câmeras, a equipe técnica também é uma reunião de grandes talentos, desde a fotografia em preto e branco de Arthur Edeson à música do célebre Max Steiner, compositor da música de “E o Vento Levou”, passando pela direção de arte de Carl Jules Weyl e os figurinos caprichados de Orry-Kelly. O roteiro de “Casablanca”, escrito por Julius J. Epstein, Philip G. Epstein e Howard Koch é uma adaptação da peça que nunca chegou a ser produzida “Everybody Goes to Rick’s”, escrita por Murray Burnett e Joan Allison. “Casablanca” ganhou o Oscar de Filme, Direção e Roteiro Adaptado.

O Diretor Michael Curtiz

Mihaly Kertész, mais conhecido como Michael Curtiz, nasceu em Budapeste, na Hungria, em 24 de dezembro de 1888. Cursou a Academia Real de Teatro e Arte, e aos 18 anos já trabalhava como ator de Teatro e em seguida no Cinema. Por volta de 1912, já dirigia os primeiros filmes. Após a Primeira Guerra Mundial, refugiou-se na Alemanha e na Áustria. Em Viena, produzido pelo compatriota Alexander Korda, mais tarde grande produtor na Inglaterra, dirigiu o épico “Sansão e Dalila”, e filmou em vários países, até que, em 1926, o produtor Jack Warner o levou para Hollywood.

Curtiz fez cerca de 100 filmes para a Warner, mostrando que era um cineasta de qualidades criativas acima dos esquemas de produção do estúdio – realizou grandes trabalhos em todos os gêneros, inclusive aqueles que se tornaram seus cartões de visita nos anos 30: “Anjos de Cara Suja”, “Capitão Blood” e “As Aventuras de Robin Hood”. Curtiz identificou-se com o sistema de trabalho dos grandes estúdios, era conhecido como diretor de mão de ferro, isto é, um verdadeiro ditador nos sets de filmagens, e era odiado por atores e por técnicos por conta de seu gênio difícil. Ficou famoso pela incrível versatilidade com que alternava filmes de ação e aventura com dramas, romances, westerns e até musicais. Sua primeira indicação ao Oscar veio com “Anjos de Cara Suja”, de 1938, mas ganharia a estatueta apenas em 1943, com “Casablanca”. Seu último filme foi “Os Comancheiros”, de 1962, estrelado por John Wayne. Michael Curtiz faleceria naquele mesmo ano, em Los Angeles. Leia mais sobre Michael Curtiz em Histórias de Cinema.

Os Astros
Humphrey Bogart

Humphrey Bogart nasceu em Nova York, em 25 de dezembro de 1899, em família rica. Seu primeiro filme foi o curta-metragem “Broadway Like That”, de 1930, mas ficou famoso como ator de teatro, graças à peça de Robert E. Sherwood, “The Petrified Forest”, que o levou para as telas quando o diretor Archie Mayo realizou uma versão cinematográfica na qual Bogart repetiu seu papel dos palcos – o gangster Duke Mantee, uma imagem que perseguiu o ator nos filmes seguintes, como “Beco Sem Saída”, “Anjos de Cara Suja” e “Homens Marcados”, mas o colocou abaixo de outros astros da Warner, célebres gângsteres nas telas: E. G. Robinson, James Cagney e George Raft.

Foi graças aos diretores John Huston, Raoul Walsh, Michael Curtiz e Howard Hawks, que o escolheram como protagonista de “Relíquia Macabra”, “Seu Último Refúgio”, “Casablanca” e “À Beira do Abismo”, respectivamente, que Bogie deu uma virada na sua carreira, transformando-se no primeiro ator do estúdio, o modelo perfeito do herói cínico e marcante. Foi casado com a atriz Lauren Bacall, sua quarta mulher, e em 1947, fundou sua própria produtora, a Santana Pictures, responsável pelo clássico “O Tesouro de Sierra Madre”, de John Huston, de 1948. O ator ganharia seu Oscar apenas em 1951, com outro filme de Huston, “Uma Aventura na África”. Faleceu dormindo, em 14 de janeiro de 1957, em sua casa, em Hollywood.

Ingrid Bergman

Ingrid Bergman nasceu em Estocolmo, capital da Suécia, em 29 de agosto de 1915. Desde cedo, começou a atuar no Teatro, e em 1934, fez sua estreia no cinema, tornando-se a maior estrela de seu país. Em 1939, David O. Selznick a convidou para trabalhar em Hollywood, transformando-a em uma estrela mundial. Em 1943, estrelou ao lado de Bogart o clássico “Casablanca”. Em seguida, atuou em vários sucessos: “Por Quem os Sinos Dobram”, “À Meia Luz”, “Quando Fala o Coração”, “Interlúdio” e “Joana D’Arc”, este último de 1948. Nessa época, após assistir “Roma, Cidade Aberta”, Ingrid manifestou o desejo de filmar com o diretor italiano Roberto Rossellini, com quem passou a viver, abandonando o marido, com quem havia casado ainda na Suécia, o dentista Peter Aron Lindstrom, com quem tinha uma filha. O escândalo foi agravado quando a atriz teve um filho com o cineasta, antes de se casarem, o que a afastou do cinema americano. O casamento com Rossellini rendeu seis filmes e mais as gêmeas Ingrid e Isabella, e terminou com “Romance na Itália”, de 1954, o último filme que fizeram juntos.

O Oscar de atriz por “Anastasia, a Princesa Esquecida”, dirigido por Anatole Litvak em 1956, reabriu as portas de Hollywood para a atriz, então casada com o empresário sueco Lars Schmidt, o que lhe permitia escolher os papéis que a interessavam, como “Indiscreta”, “Assassinato no Expresso Oriente”, que lhe rendeu um Oscar de Atriz Coadjuvante em 1974, e “Sonata de Outono”, seu único filme com o diretor e compatriota Ingmar Bergman, de 1978. Durante as filmagens, Ingrid descobriu que sofria de câncer. Mesmo assim e contra as ordens médicas, atuou na minissérie para TV “Golda”, no papel da estadista israelense Golda Meir. Ingrid morreu em casa, no dia de seu aniversário, em 1982, aos 67 anos.

IMDb: http://www.imdb.com/title/tt0034583/

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